Onda de feminicídios na Bahia: caso de Irecê choca, mas violência se espalha por todo o estado

A Bahia viveu uma semana de horror, com cinco mulheres assassinadas em crimes que seguem o mesmo padrão: agressores conhecidos, violência extrema e filhos testemunhando a tragédia.

Entre os casos, o de Yasmin Andrade Pinheiro, 30 anos, morta em Irecê na última quinta-feira (10), choca pela crueldade. Seu ex-sogro a esfaqueou, atropelou e fugiu, deixando seu filho de 13 anos ferido ao tentar defendê-la. O menino sobreviveu, mas carregará a dor de ter visto a mãe ser executada.  

Contudo Irecê não está sozinha – a violência contra mulheres se repetiu em outras quatro cidades baianas, mostrando uma epidemia que exige respostas urgentes.  

Os outros casos

  • Conceição do Jacuípe: Maura Santos de Jesus, 45 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro enquanto dormia. O criminoso se suicidou em seguida, na frente do filho do casal, de 11 anos.  
  • Santana: Iane de Jesus Branco, 26 anos, foi espancada até a morte com blocos de cerâmica pelo próprio companheiro. Seu filho, de apenas 4 anos, presenciou tudo.  
  • Salvador (Plataforma): Catarine Melhor de Souza Cerqueira, 27 anos, foi esfaqueada pelo ex-marido no dia em que formalizaria o divórcio. Ele fugiu com seu carro, mas acabou preso.  
  • Salvador (Bairro da Paz): Jaqueline Vieira Moura, 43 anos, foi estrangulada pelo namorado, que depois foi linchado por moradores e morreu.  

Um problema que não escolhe região  

Os crimes ocorreram em diferentes pontos da Bahia – do interior à capital –, provando que o feminicídio não respeita fronteiras. Em comum, além da brutalidade, a sensação de impunidade que parece encorajar novos agressores. 

O feminicídio é o assassinato de uma mulher motivado por questões de gênero, ou seja, quando a vítima é morta simplesmente por ser mulher. Esse crime é a forma mais extrema de violência contra a mulher e geralmente ocorre em contextos de dominação, ódio ou desprezo pela condição feminina.

Características do feminicídio

  • Relação com violência doméstica: Na maioria dos casos, o agressor é o parceiro ou ex-parceiro da vítima, evidenciando uma relação de poder e controle.
  • Motivação de gênero: O crime é cometido porque a mulher exerceu sua autonomia (como terminar um relacionamento, recusar reconciliação ou buscar independência).
  • Crueldade e tortura: Muitas vezes, os feminicídios são marcados por excesso de violência, como espancamentos, esfaqueamentos ou estrangulamento.
  • Crianças como testemunhas: Em vários casos, filhos presenciam o crime, gerando traumas profundos.

No Brasil, o feminicídio foi incluído no Código Penal em 2015 como um qualificador do homicídio, tornando a pena mais grave (de 12 a 30 anos de prisão). A lei reconhece que esses crimes não são casos isolados, mas parte de uma estrutura social que naturaliza a violência contra a mulher.

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